<h1>Made in Portugal está na moda</h1>&NewLine;<h4 class="chapo-article">Após anos de recessão e austeridade, Portugal regressou à senda do crescimento e da modernização&período; Uma investigação sobre as receitas que fizeram deste país um dos mais promissores da Europa&período;</h4>&NewLine;<div class="paywall">&NewLine;<p>Pufes coloridos&comma; cantos de sofás&comma; baloiços&comma; mesas de pingue-pongue e de bilhar&período; Uma casa na árvore e um ambiente de colmeia estudiosa em frente aos computadores&período; Podíamos estar na Califórnia&comma; mas estamos mesmo à saída do Porto&período; Sob os grandes tectos de vidro da Farfetch&comma; a campeã mundial de vendas de luxo online&período;</p>&NewLine;<p>Lançada pelo empresário português José Neves em 2008&comma; a empresa tem 1&comma;56 milhões de clientes em 190 países do mundo e registou vendas de 171&comma;6 milhões de euros em 2016&comma; mais 74&percnt; do que no ano anterior&period; Opera entre Londres e o Porto&período; vendendo marcas chiques e exclusivas&comma; bem conhecidas&comma; mas também marcas de vanguarda&período; anteriormente encontradas num punhado de lojas da moda em todo o mundo&comma; agora acessíveis em três cliques&período;</p>&NewLine;<blockquote><p>Conseguimos agitar um sector tão conservador como o dos artigos de luxo, introduzindo um novo privilégio: time saved&period;</p></blockquote>&NewLine;<p><em>"Em 2016, éramos 600 em Portugal e hoje somos 1300, dos quais mais de metade são engenheiros informáticos; </em>afirma Andreia Gomes&período; Diretora de Comunicação da Farfetch&período; <em>Conseguimos abanar um sector tão conservador como o dos artigos de luxo, introduzindo um novo privilégio - poupar tempo.</em>ela explica&período;</p>&NewLine;<h2 class="intertitre">Descolagem de novo</h2>&NewLine;<p>A empresa está agora a explorar novas áreas&comma; como as "lojas do futuro"&comma; para oferecer&comma; diz&comma; <em>"Poderemos oferecer aos clientes novas experiências e uma oferta personalizada, aproveitando as vantagens da revolução digital e da realidade aumentada.</em>&período;</p>&NewLine;<p>A história da Farfetch é uma daquelas que conta a história da retoma da economia portuguesa&período; Portugal já foi um fornecedor de baixo custo para as grandes cadeias de têxteis e marroquinaria&período;</p>&NewLine;<p>O país, que está a ressurgir após anos de recessão e austeridade, tirou o pó aos seus sectores tradicionais&período; modernizou-se e abriu-se aos mercados internacionais a todo o vapor para sobreviver, apesar de a procura interna ter estagnado durante a crise&período;</p>&NewLine;<h3 class="intertitre">Flexibilidade do mercado de trabalho</h3>&NewLine;<p>Cinco anos depois de ter sido forçado a um pacote de resgate de 78 mil milhões de euros, acompanhado de um plano de ajustamento severo, Portugal é atualmente uma das economias mais promissoras da Europa;</p>&NewLine;<p>O governo socialista&comma; que chegou ao poder em novembro de 2015 com o apoio da&rsquo&semi;extrema-esquerda, prometendo virar a página da austeridade&comma; foi, no entanto, recebido com ceticismo pelos seus parceiros europeus&period; Mas&comma; contra todas as probabilidades&comma; o primeiro-ministro&comma; António Costa&comma; conseguiu reativar a máquina&period;</p>&NewLine;<p><em>"Fez um jogo hábil, enviando sinais tranquilizadores às classes médias, libertando os salários e as pensões, sem voltar atrás nas reformas que flexibilizaram o mercado de trabalho e reduziram o âmbito do Estado.</em>O politólogo António Costa Pinto, professor da Universidade de Lisboa, explica&período;</p>&NewLine;<p>É esta combinação de recuperação e flexibilidade ao estilo escandinavo que está a ajudar a estimular o consumo e a revigorar a economia do país, impulsionada por um boom no turismo e nas exportações;</p>&NewLine;</div>&NewLine;<h3>O crescimento arranca</h3>&NewLine;<p>O crescimento está a descolar&período; está em 2&comma;6 &percnt; em 2017, enquanto o desemprego desceu para 7&comma;8 &percnt;&comma; o valor mais baixo desde 2004&comma; e o défice público desceu para 1&comma;4 &percnt;&período; o seu nível mais baixo dos últimos quarenta anos&período; Toda a Europa está&rsquo&semi;a interrogar-se sobre a receita portuguesa&período;</p>&NewLine;<p>Na sequência de sucessos como a Farfetch&período; Lisboa e agora o Porto tornaram-se destinos da moda para start-ups&comma; atraídos por uma mão de obra qualificada e facilmente multilingue&comma; um ambiente agradável&comma; a proximidade de locais de topo para a prática de surf&período; Mas é também todo o resto da&rsquo&semi;indústria que está a beneficiar de uma nova dinâmica&período;</p>&NewLine;<h3 class="intertitre">Salário mínimo de 650 euros</h3>&NewLine;<p>Para além de um mercado de trabalho flexível, o país beneficia claramente de baixos custos laborais, com um salário mínimo de 650 euros, afirma Luís Castro Henriques, presidente da Aicep; presidente da Aicep&período; a agência de desenvolvimento empresarial que apoia as empresas portuguesas nas suas exportações e facilita a entrada de investidores&período; <em>"O que faz com que uma empresa decida instalar-se aqui é uma equação complexa de produtividade&período;</em> Que introduz outros factores como a facilidade de atrair talentos&período; a formação profissional e universitária&vírgula; o conhecimento de línguas, bem como a qualidade das infra-estruturas do país e a estabilidade social&período; que oferece visibilidade a longo prazo&período;".</p>&NewLine;<div class="block-citation">&NewLine;<blockquote><p><q>Passámos de centros de serviços partilhados ou de simples operações de back-office para actividades mais complexas, como centros de engenharia avançada ou de desenvolvimento de software.</q></p></blockquote>&NewLine;</div>&NewLine;<p>As empresas francesas estão na vanguarda do investimento produtivo&período; as que estão presentes há muito tempo estão a consolidar as suas posições&comma; como a Renault&comma; a PSA&comma; a Faurecia ou a Altran&período; mas o perfil das recém-chegadas está a mudar&comma; sublinha Luís Castro Henriques &colon; <em>"Passámos de centros de serviços partilhados ou de simples escritórios de apoio a actividades mais complexas, quer se trate de centros de engenharia avançada ou de centros de desenvolvimento de software".</em></p>&NewLine;<p>É o caso da Mecachrome&comma; um grupo francês especializado em mecânica de alta precisão para a indústria aeroespacial&comma; que em outubro passado inaugurou uma nova fábrica em Évora&period; A algumas centenas de metros de distância estão também as instalações da Embraer brasileira&comma; o terceiro maior fabricante de aviões do mundo&period; Juntas, as duas empresas estão a criar um terreno fértil para um novo cluster aeroespacial português&período; observa Christian Santos, diretor da fábrica da Mecachrome&comma; que está impressionado com os esforços feitos pela administração local para ajudar os recém-chegados a instalarem-se&período; especialmente no que diz respeito ao recrutamento;</p>&NewLine;<h3 class="intertitre">Serviços às empresas</h3>&NewLine;<p><em>"Existe uma verdadeira atitude de serviço às empresas por parte dos serviços públicos de emprego".</em>Não só desenvolveram cursos de formação personalizados especificamente para a indústria aeronáutica&comma; desde o fabrico de caldeiras ao trabalho com chapas metálicas&comma; desde a pintura ao controlo de máquinas&comma; mas os gestores locais do Pôle emploi também estão interessados na satisfação dos empregadores&comma; para ver como a formação pode ser melhorada&period; <em>"Procuram antecipar&comma; para saber de que pessoal vou precisar daqui a seis meses e com que formação específica, para que&rsquo&semi;possam adaptar os seus módulos de acordo com a procura e encurtar o &lsquo&semi;time to job&rsquo&semi;&period;".</em></p>&NewLine;<div class="block-citation">&NewLine;<blockquote><p><q> Para nós&comma; não é uma questão de baixo custo&comma; mas de &lsquo&semi;melhor custo&rsquo&semi;</q></p></blockquote>&NewLine;</div>&NewLine;<p>Uma mão de obra fiável, bem formada e motivada é um dos cartões de visita do país quando se trata de convencer as empresas a instalarem-se aqui&período; <em>"Para nós&comma; não se trata de baixo custo&comma; trata-se de &lsquo&semi;melhor custo&rsquo&semi;&comma;</em> afirma Christian Santos&period; <em>Existe também uma proximidade geográfica e cultural&período;</em> O que torna mais fácil trabalhar em conjunto do que na Polónia ou na Turquia&período;".</p>&NewLine;<p>A par dos recém-chegados, as indústrias tradicionais do país também sofreram uma revolução", explica Ana Teresa Lehmann, Secretária de Estado da Indústria, citando como exemplos os sectores têxtil e do couro; <em>"Trabalharam também a noção de marca e a perceção de qualidade, reorientando a imagem do made in Portugal para a ideia de design de topo de gama e de valor acrescentado".</em></p>&NewLine;<h3 class="intertitre">Novos mercados</h3>&NewLine;<p>Investir&comma; inovar&comma; reinventar&colon; esta é também a receita aplicada pela Vista Alegre&comma; a marca emblemática da porcelana portuguesa&comma; para ressuscitar&comma; depois de quase desaparecer em 2009&comma; esmagada por dívidas&período; <em>"A empresa, que se apoiava no mercado nacional e numa carteira de clientes fiéis, recuperou com a prospeção de novos mercados e conseguiu promover o seu know-how para abrir novas parcerias.</em>Alda Costa, membro do Conselho de Administração&período;</p>&NewLine;<p>A cerca de uma centena de quilómetros a sul do Porto, a fábrica da Vista Alegre, em Aveiro, oferece uma imagem elegante, congelada no tempo, enquadrada pelos edifícios brancos e ocres da capela e do teatro onde os operários eram educados. Nada parece ter mudado desde a sua fundação em 1824;</p>&NewLine;<p>E, no entanto&comma; a par das suas linhas de produção habituais&comma; a empresa conseguiu um importante contrato com o Ikea&period; fornece 30 milhões de peças por ano ao gigante sueco&period; com a perspetiva de aumentar para 48 milhões de peças nos próximos anos&period; Para a Vista Alegre&period; esta colaboração marca um renascimento&comma; tal como o desenvolvimento de colecções para marcas como a KitchenAid ou a Nespresso&comma; ou a conceção de louça por medida para chefes com estrelas Michelin&period;</p>&NewLine;<h3 class="intertitre">Inovação</h3>&NewLine;<p>Num sector muito diferente, o Grupo Amorim, líder mundial das rolhas de cortiça, também conseguiu ultrapassar um período difícil; <em>"Quem iria apostar na cortiça&comma; quando as cápsulas de alumínio ou de plástico ameaçavam destroná-la&quest;</em> "António Rios de Amorim, Presidente da empresa que produz 4,7 mil milhões de rolhas por ano, um terço da produção mundial, afirma;</p>&NewLine;<p>O acompanhamento dos tempos tem exigido um esforço constante para inovar nos processos de fabrico, melhorar a qualidade e a rastreabilidade das rolhas e desenvolver a utilização da cortiça noutros sectores, como a produção de relva artificial;A sua introdução nos processos de fabrico de carruagens ferroviárias e de convés de navios de cruzeiro, bem como a sua utilização na indústria aeroespacial.</p>&NewLine;<div class="picture-article">&NewLine;<figure><figcaption>O Grupo Amorim, líder mundial das rolhas de cortiça, conseguiu ultrapassar um período difícil &&num;8211&semi; AFP&sol; PATRICIA DE MELO MOREIRA</figcaption></figure>&NewLine;</div>&NewLine;<h3 class="intertitre">Diversificação</h3>&NewLine;<p>Após alguns anos difíceis&comma; <em>"Os ventos finalmente mudaram e vieram do Leste" &comma;</em> No final, foi a preferência acentuada dos consumidores chineses pelas rolhas de cortiça que fez pender a balança a seu favor e convenceu o sector vitivinícola a regressar às suas origens, reanimando a procura após anos de abrandamento;</p>&NewLine;<div class="block-citation">&NewLine;<blockquote><p><q> Temos um problema de escala, com muitas microempresas que não são muito competitivas&período; </q></p></blockquote>&NewLine;</div>&NewLine;<p>Em Lisboa&comma; no seu gabinete com uma vista deslumbrante para a ponte 25 de abril&período; o dirigente da associação patronal&comma; António Saraiva&comma; presidente da confederação da indústria portuguesa&comma; saboreia cautelosamente o período de recuperação do país&período;</p>&NewLine;<p><em>"Temos apenas 20.000 empresas exportadoras num total de 400.000, o que representa apenas 5% do total;</em> ele lembra-nos&período; <em>Temos um problema de escala, com muitas microempresas que não são muito competitivas&período;</em> Os que sobreviveram à crise são os mais fortes&período; demonstraram grande resiliência e conseguiram abrir-se e transformar-se&período; mas não podemos ficar por aqui&comma; adverte&período; <em>Para avançar, temos de aumentar o nosso volume, temos de nos fundir, absorver e promover a concentração.</em> Não há maneira de ele parar por aí... ponto final;</p>&NewLine;<p><a href="https://www.lesechos.fr/monde/europe/0301221840800-le-made-in-portugal-a-le-vent-en-poupe-2149628.php" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Fonte </a></p>&NewLine;
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