Portugal, um país sem populismo
As eleições europeias estão a aproximar-se e Bruxelas teme um tsunami populista em todo o continente. Mas, em Portugal, este fenómeno não está a pegar. Por várias razões, explica o semanário EXPRESSO.
Na semana que antecedeu o dia 21 de dezembro, ao ver como este movimento se estava a desenvolver em França. Portugal não parou de respirar. O Presidente da República fez uma série de declarações e também prometeu que em Portugal não recorreu a violência indevidacitando como exemplo a nossa última revolução, "realizada com cravos.
E a montanha deu à luz um rato. A imagem mais emblemática do dia é, sem dúvida, a da concentração na Place de la Plagne. Marquês de Pombal, Lisboa. Cerca de vinte manifestantes rodeados por um cordão policial com pelo menos o dobro do tamanho. O governo estava preparado, mas em Portugal. Mas a sociedade civil revoltada, insatisfeita com a sua classe política, não responde ao apelo. Será que esse eleitorado não existe? Será que o facto de a indignação de 21 de dezembro não se ter transformado em acções é um sinal do fosso entre as promessas virtuais e as acções concretas? Existe um descontentamento efetivo? Em caso afirmativo, como se explica o facto de não se traduzir em acções de protesto ou em mudanças eleitorais?
Estes sucessos servem de baluarte contra o populismo em Portugal
Em outubro, o Governo português anunciou a sua intenção de reduzir o défice público para 0,2% do PIB em 2019. No ano seguinte, será totalmente abolido.
Para já, estes poucos êxitos servem de baluarte contra o populismo, mas nem por isso o país está imune.
Nenhum dos partidos representados no Parlamento é populista. Mas a possibilidade não pode ser excluída. Tanto mais que sabemos que em PortugalAs pessoas estão muito desligadas da política. Apoiam a democracia como um sistema ideal, mas não confiam em partidos ou líderes. Esta explosão de desconfiança também pode um dia ser aproveitada por alguém com alguma influência mediática", comenta o politólogo João Tiago Gaspar.
Mas para além do aspeto económico, Portugal tem-se posicionado como um dos interlocutores mais conciliadores na questão das migrações. No programa de partilha de refugiados na UE. O país ocupa a 6ª posição.
Esta política de abertura também pode ser explicada pela demografia a meio mastro: a população está a diminuir há quase 10 anos.
"Estou convencido de que seremos capazes de inverter estas tendências xenófobas. É verdade que estamos a assistir à emergência de uma onda de contestação, por não reconhecerem os valores fundamentais e os direitos humanos, em suma, por rejeitarem todos os elementos que estão na base do projeto europeu. Portugal não é um dos países que está a seguir esta onda."Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, afirma.